“Andaste portanto na boa vida.”
“Sim.”
O capitão Branco recuou ligeiramente o tronco, de modo a poder fitar o filho nos olhos.
“Tu ainda és pequeno, mas gostaria que começasses já a pensar nesta pergunta que te vou fazer”, disse. “O que é uma vida boa?”
Surpreendido com a pergunta, José pestanejou e devolveu o olhar ao pai. O que era uma vida boa? Que questão seria aquela? Onde queria o pai chegar?
“Imagina que vives muito tempo.” retomou o capitão, sentindo a perplexidade do pequeno perante a pergunta que lhe fizera. "Mas um dia morremos, não é? Quando morreres, Deus chama-te ao pé d’Ele e pergunta-te: «Tiveste uma vida boa?». Que irás tu responder? «Sim, tive. Comi as coisas dos outros. Roubei, enganei, fui desonesto. Tive uma vida boa.»” Fez uma pausa. “É isso que Lhe vais responder?”
O filho imaginou a cena, Deus diante dele tão justiceiro quanto o pai, talvez mais ainda, e os actos da sua vida expostos no juízo final. Ficou paralisado de horror, incapaz de responder à pergunta.
“Uma vez conheci no Porto um homem muito rico que me disse que tinha uma boa vida. Possuía um automóvel, uma grande casa na Foz, outra em Lisboa e outra no Rio de Janeiro, grandes propriedades na Régua e em Amarante e fartava-se de viajar. Ia a Madrid, a Paris, a Londres. Mas com tudo isso afastara-se da família e os amigos só o queriam porque ele era rico. Fiz-lhe, por isso, a mesma pergunta. «O senhor anda numa boa vida, mas acha realmente que tem tido uma vida boa?» Ele ficou um longo momento calado e acabou por responder: «Não.». Sabes porquê? Porque anda na boa vida e ter uma vida boa são coisas diferentes. Andar na boa vida é viver no conforto e no luxo, é ter grandes casas e grandes carros, é aproveitar-se das coisas e gozar o momento. Ter uma vida boa é diferente. É ter amor e amigos, é ter valores, é ajudar os outros, é ter carácter e ser honesto, é ser feliz e fazer os outros felizes. Esses são os que têm uma vida boa. Estás a perceber?”
José fez que sim com a cabeça e o pai ergueu um dedo e apontou-o ao rosto do filho.
“Quando comeste as amêndoas das tuas irmãs andaste na boa vida. Mas é importante que saibas que não tiveste uma vida boa. Roubaste as tuas irmãs e enganaste-as. Viveste com um segredo que te sujou. Viver bem não é viver à grande, é viver limpo e feliz”.
“Sim.”
O capitão Branco recuou ligeiramente o tronco, de modo a poder fitar o filho nos olhos.
“Tu ainda és pequeno, mas gostaria que começasses já a pensar nesta pergunta que te vou fazer”, disse. “O que é uma vida boa?”
Surpreendido com a pergunta, José pestanejou e devolveu o olhar ao pai. O que era uma vida boa? Que questão seria aquela? Onde queria o pai chegar?
“Imagina que vives muito tempo.” retomou o capitão, sentindo a perplexidade do pequeno perante a pergunta que lhe fizera. "Mas um dia morremos, não é? Quando morreres, Deus chama-te ao pé d’Ele e pergunta-te: «Tiveste uma vida boa?». Que irás tu responder? «Sim, tive. Comi as coisas dos outros. Roubei, enganei, fui desonesto. Tive uma vida boa.»” Fez uma pausa. “É isso que Lhe vais responder?”
O filho imaginou a cena, Deus diante dele tão justiceiro quanto o pai, talvez mais ainda, e os actos da sua vida expostos no juízo final. Ficou paralisado de horror, incapaz de responder à pergunta.
“Uma vez conheci no Porto um homem muito rico que me disse que tinha uma boa vida. Possuía um automóvel, uma grande casa na Foz, outra em Lisboa e outra no Rio de Janeiro, grandes propriedades na Régua e em Amarante e fartava-se de viajar. Ia a Madrid, a Paris, a Londres. Mas com tudo isso afastara-se da família e os amigos só o queriam porque ele era rico. Fiz-lhe, por isso, a mesma pergunta. «O senhor anda numa boa vida, mas acha realmente que tem tido uma vida boa?» Ele ficou um longo momento calado e acabou por responder: «Não.». Sabes porquê? Porque anda na boa vida e ter uma vida boa são coisas diferentes. Andar na boa vida é viver no conforto e no luxo, é ter grandes casas e grandes carros, é aproveitar-se das coisas e gozar o momento. Ter uma vida boa é diferente. É ter amor e amigos, é ter valores, é ajudar os outros, é ter carácter e ser honesto, é ser feliz e fazer os outros felizes. Esses são os que têm uma vida boa. Estás a perceber?”
José fez que sim com a cabeça e o pai ergueu um dedo e apontou-o ao rosto do filho.
“Quando comeste as amêndoas das tuas irmãs andaste na boa vida. Mas é importante que saibas que não tiveste uma vida boa. Roubaste as tuas irmãs e enganaste-as. Viveste com um segredo que te sujou. Viver bem não é viver à grande, é viver limpo e feliz”.
Excerto do livro: "Anjo branco"
Comentários
mas está longe de ser uma Vida Boa!!
Beijinhos desta tua amiga
Paula
Viver bem não é viver à grande, é viver limpo e feliz.
Deus nos ajude a viver segundo a Sua vontade.
Beijinhos