capítulo 1 # O importante é não deixar de acreditar!

 Devo a Deus o meu testemunho, devo a Deus todo o meu Louvor e quero partilhar contigo!
Respeitei a existência de Deus toda a minha vida por medo, medo de ser castigada, talvez…
Não sabia bem se ele existia ou não, mas respeitava, não ia Ele castigar-me…
No ano de 2003 surgiram momentos delicados e muito difíceis, momentos em que as palavras pouco valem, momentos que duraram  dias, meses, anos, momentos que duram até hoje, momentos dificeis que duram até hoje e espero que dure toda a minha vida!
Nestes momentos nada abafa a sensação de impotência que nos consome a cada passo dos ponteiros do relógio!
A agonia e a tristeza, são demasiado intensos que o silêncio parece ser o nosso melhor aliado… ainda hoje sei bem o sabor dessa dor, onde o mais fácil é CULPAR DEUS!
Lembro-me que na altura eu perdi o meu Norte ao sentir na minha própria pele, o desespero da constatação de que a vida é mesmo demasiado frágil e breve…
A Nossa vida, a vida de quem mais amamos…
Naquele dia, tudo escureceu à minha volta, as palavras, os abraços e a presença da maior parte das pessoas, tudo nos passa ao lado….
Ficando a dor e a revolta contra Deus…
Sim porque até alí eu não queria saber de Deus, era Deus lá e eu cá, mas não importava, a culpa era mesmo e só Dele!
Subi até ao nono andar, cheguei lá cima nem conseguia segurar no meu coração e muito menos nas minhas lágrimas!!!
Deus era o culpado e ia ouvir das boas…

“Porquê?”

“Porquê um inocente?”

“Tanta gente má, porquê um inocente?”

“Estás aí de mãos abertas e náo fazes nada?”

(Na altura não via mais que as imagens e falava para a imagem por cima do altar, bem no meio da Igreja)

“Que Deus és Tu?”

Lembro-me que a minha revolta era capaz de matar apenas com o olhar, fora as palavras…
Não ouvi nada de nada o silêncio era o meu único conforto, não senti nada, apenas dor, apenas escuridão, o mundo tinha desabado bem encima de mim!
Desci novamente pelas escadas  e dirigi-me ao local onde passei meses, bem ao pé daquela janelinha a ver o mundo cor- de- rosa que só existia lá fora e apenas para alguns… para os maus!
O meu carro estava logo alí, bem em frente da janela, no parque das urgências!
Cada vez que eu olhava para o carro, eu via o vidro aberto!
Mas como poderia estar aberto se o carro fechava os vidros sozinho?
Terão partido o vidro, era um dia agitado, havia muita gente  a chorar cheios de dor no parque, terão partido o vidro?
Fui lá fora, e o carro está direitinho, abri o carro entrei e senti uma vontade enorme de abrir a bíblia, não uso mais nada no carro a não ser aquela bíblia que me acompanha desde o primeiro carro!
Abri à toa, nem sei bem porquê, afinal Deus não existia e se existia era injusto comigo!
Não me lembro qual foi a leitura, mas a leitura,  respondia a todas as perguntas, todas as perguntas que eu fiz a Deus na capela, lembro-me que se já tinha chorado os meus dias acabados, alí naquele momento sentir bem forte a presença de Deus, sentir a existência de Deus no meu coração , era uma mistura de sentimentos que não sei bem explicar, o saber que não estava sozinha, o saber que Deus existe, o saber que Deus ouviu-me, o sentir que Deus respondeu-me, senti-me um monstro, proferi palavras que ainda hoje me arrependo, eu sei, eu sinto que Deus me perdoou, mas o saber que Ele não merecia tal desfeita, tal ousadia da minha parte… senti-me um verme, eu nem mereci o ar que respirava quanto mais a presença Daquele Deus que eu nem sequer tentei em momento algum conhecer!
O meu ser preencheu-se de Fortaleza, passei a ser eu a dar força aos demais , eu não sabia , quanto tempo ia passar lá, eu não sabia se ia sair de lá Feliz ou de coração retalhado, eu não sabia… mas uma coisa eu sabia, Deus estava comigo e enquanto houvesse vida havia Esperança!
Não estava preparada, para aquela surpresa que o mundo me dava de bandeja , mas o importante era não deixar de acreditar!
(continua)